Cientistas associam frequencia em igreja com obesidade
A imagem de padres ou pastores mais
rechonchudos ou que visitam os membros da igreja só para comer é bastante comum
no meio religioso. Desde o Antigo Testamento, a Bíblia alertava os fiéis sobre
os perigos da gula.
A relação com os
alimentos é intensa no Livro Sagrado: comer um fruto expulsou o homem do
Paraíso, o maná salvou os hebreus da fome durante o Êxodo, Jesus comparou seu
próprio corpo com o pão, o céu é descrito como um lugar onde haverá um banquete
etc. Contudo, comer após ter saciado a necessidade do organismo deturpa a alma,
afirmavam os profetas.
Numa sociedade em que a obesidade já é
considerada epidemia mundial, como resistir às tentações das redes de fast food,
dos restaurantes refinados, dos pães e doces exibidos em prateleiras
provocativas? Entupir-se de guloseimas, porém, pode não ser uma afronta tão
grande aos céus.
Professor de sociologia da Universidade de
Purdue, Kenneth Ferraro publicou em 1998 um estudo sobre saúde, religião e os
dados do Censo. Sua conclusão é que as pessoas com maior envolvimento religioso
tendem a ser mais obesas. ”As igrejas americanas praticamente silenciaram sobre
o excesso de peso de seus membros, apesar de a Bíblia recomendar moderação em
todas as coisas”, disse ele.
Estudo apresentado recentemente numa conferência da
Associação Americana de Cardiologia mostra novamente que os jovens
que freqüentam cultos religiosos ao menos uma vez por semana têm uma
probabilidade 50% maior de apresentar obesidade na idade adulta. Depois de
analisar fatores como sexo, idade, raça, escolaridade, renda e índice de massa
corporal, 32% dos que freqüentam os cultos se tornaram obesos depois dos 50
anos, enquanto apenas 22% das pessoas que freqüentam menos a igreja se tornaram
obesas.
Matthew Feinstein, da Universidade Northwestern, em
Chicago, fez um estudo que acompanhou durante 18 anos 2.433 homens e mulheres
que participam ativamente em sua igreja, com idade de 20-32 anos. Sua tendência
em ser obeso (IMC> 30) na meia-idade chamou atenção. ”Não sabemos exatamente
por que a participação freqüente nas atividades religiosas está associada ao
desenvolvimento da obesidade, mas o resultado nos ajuda na
prevenção”.
Donald Lloyd-Jones, o principal autor do estudo, declarou:
“A obesidade é a epidemia de grandes proporções que preocupa a população de
várias partes do mundo. Sabemos que as pessoas obesas tendem a desenvolver
doenças cardíacas, diabetes, além de certos tipos de câncer. Conseqüentemente,
morrer mais jovens. Precisamos usar todas as ferramentas possíveis para
identificar os grupos de risco e oferecer treinamento e apoio para impedir o
desenvolvimento da obesidade.
Jones adverte que
a descoberta não visa comparar a saúde dos religiosos com a dos não-religiosos.
No entanto, os autores ressaltam que outros estudos anteriores já mostraram que
pessoas religiosas tendem a viver mais, porque não fumam e não
bebem.
Diretor do Program
on Religion and Population Health da Universidade de Baylor, Jeff Levin sugere
que as tradições alimentares associadas à religião não são saudáveis, com
refeições fartas feitas regularmente aos domingos após o culto. Por outro lado,
trata-se de uma boa oportunidade perdida de passear no parque com a família e
fazer um pouco de exercício físico.
“Os aspectos sociais da prática religiosa quase
sempre envolvem comida e festa”, disse o doutor David Katz, diretor e fundador
do Cento de Prevenção e Pesquisa da Universidade de Yale.
Muitos
especialistas em dieta acreditam que uma mudança de atitude entre as pessoas
religiosas também pode estar por trás dessa correlação: “Outra explicação
possível é que a religião incentiva pensar na vida após a morte e possa, desse
modo, tirar um pouco o foco das metas de saúde do presente”, disse
Katz.
Perguntado sobre o assunto, o pastor Steve Willis, da
Primeira Igreja Batista em West Virginia, explica: “Podemos falar sobre todos os
tipos de pecado na igreja, mas não falamos sobre o pecado de não cuidar do
templo que Deus nos deu”. Para ele, a igreja Batista encoraja os fiéis a
praticar exercícios e ter uma alimentação saudáveis como um ato de adoração. “É
importante que os cristãos cuidem de seus corpos, pois eles pertencem a
Deus”.
O pastor Jay
Richardson, da Highland Colony, também abordou a questão da obesidade dentro da
igreja por meio de uma série de sermões: ”De alguma forma, temos uma espécie de
‘divórcio’ a partir de nossa vida espiritual quando pensamos sobre nossa saúde e
comer tudo o que queremos. Devemos honrar a Deus com nossos corpos, pois eles
não são para nossa satisfação e sim para a glória de Deus”.
Rick Warren, famoso autor e pastor da igreja de SaddleBack
na Califórnia, recentemente iniciou uma campanha para a prática de um regime
baseado no livro de Daniel. Seu objetivo é o de influenciar os membros a fazer
como ele e seguir uma dieta rigorosa, procurando perder peso e ter uma
alimentação mais saudáveis.
Fonte: Christian
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